Retração do mangue pode ter ocorrido por causa de seca prolongada.
Alguns manguezais foram desfolhados e podem se recuperar; outros não

Milhares de hectares de mangues no norte remoto da Austrália desapareceram, disseram cientistas na segunda-feira (11), apontando as mudanças climáticas como a causa mais provável.

Cerca de 7 mil hectares ou 9% dos manguezais no Golfo de Carpentária pereceram em apenas um mês, de acordo com pesquisadores da Universidade James Cook da Austrália. Trata-se da primeira vez que um evento como esse é registrado.

A chamada retração florestal – quando os mangues estão mortos ou desfolhados – foi confirmada por pesquisas aéreas e de satélite, e é provável que tenha sido o resultado de um período de seca prolongada, disse Norm Duke, um ecologista de mangues da Universidade James Cook.

“Essa é a aparência da mudança climática. Você vê as coisas serem empurradas ao máximo ou ao mínimo. (…) O que estamos vendo aqui é uma estação seca excepcionalmente longa”, disse Duke à AFP.

“A razão pela qual há retração agora é por causa dessa seca. As secas são algo normal, mas não tão severas assim, e essa é a diferença”, disse o pesquisador.

Perigo para animais
Guardas florestais locais disseram aos cientistas que estavam vendo criaturas como moluscos, que precisam da sombra das árvores, morrerem, e que as tartarugas e os dugongos (mamífero marinho), que são dependentes do ecossistema, poderão “estar passando fome dentro de poucos meses”, acrescentou Duke.]

Os pesquisadores acreditam que o evento ocorreu na região semi-árida no final de novembro ou início de dezembro do ano passado.

“A retração ocorreu de forma simultânea ao longo de 700 quilômetros em um mês”, o que é mais ou menos a distância entre as cidades de Sydney e Melbourne, disse Duke.

O cientista acrescentou que “de acordo com todos os relatos, o clima vai se tornar mais errático, então nós podemos esperar que este tipo de eventos se tornem mais comuns”.

Alguns dos manguezais que sofrem retração foram desfolhados, ou seja, ainda não estão mortos, mas perderam suas folhas, e podem se recuperar. Mas a maioria “não vai se recuperar e vai morrer”, disse Duke.

Fonte: G1 Natureza

Tamara leitte

Autor Tamara leitte

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