Livro: As Veias Abertas da América Latina

Autor: Eduardo Galeano

Editora: L&PM Editores

Páginas: 308

 

As Veias Abertas da América Latina é um livro de autoria de Eduardo Galeano que foi traduzido para a língua portuguesa em 1978 e lançado em 1979 pela Editora Paz e Terra, de Fernando Gasparian e Fernando Henrique Cardoso. De leitura cáustica, ele ganhou o coração e a mente da juventude brasileira, em especial aqueles jovens que se recusavam a ser considerados alienados. No final dos sombrios anos de 1970, a geração nascida no crepúsculo da década de 1950 e no alvorecer dos anos de 1960 era formada por um gama de jovens amedrontados e sem muita saída. A repressão militar apenas parecia estar arrefecida, porém na verdade, era apenas águas mansas por cima da correnteza massacrante. Basta lembrar a invasão ao comitê central do PCdoB, em 16 de dezembro de 1976.

Foi neste contexto de brutalidade política de ambos os lados — a guerrilha urbana e os militares — que o livro As Veias Abertas da América Latina desembarcou no Brasil. Lançado por uma editora argentina (Siglo XXI), este livro funcionou como um rastilho de pólvora e se tornou a “bíblia da esquerda”.  Conseguiu a façanha de ser proibido e banido no Brasil, Argentina, Uruguai e Chile onde as ditaduras recrudesciam, mas caminhavam, lenta e inexoravelmente, para o limbo da história.

Ler este livro agora, 50 anos depois de seu lançamento, é um exercício de catarse histórica. É percorrer suas páginas com olhos incrédulos e verificar que quase nada mudou. O leitor acompanhará, estarrecido, a predominância do capitalismo e seu eterno embate contra o marxismo. O livro é, ainda, um forte libelo político que levará o leitor a constatar que os países da grande pátria chamada América Latina, das margens do rio Bravo até o canal de Beagle, são apenas matéria de saques, exploração e matança. Então o leitor compreenderá o momento político que a maioria dos países latino-americanos está enfrentando nos tempos atuais.

A tradução deste livro é um primor. Feita por Galeno de Freitas, a tradução permite uma leitura segura, acompanhando a prosa bem elaborada do jornalista uruguaio Eduardo Galeano em sua análise precisa da história da América Latina desde o período da colonização por Portugal, Espanha, França, Grã-Bretanha e Holanda, até os anos contemporâneos, provando a exploração econômica e a dominação política do continente, primeiramente pelos europeus e seus descendentes e, mais tarde, pelos Estados Unidos. A exploração do continente foi acompanhada de constante derramamento de sangue indígena, de negros escravos e pobres que foram tirados dos países europeus com a vã promessa de alcançar riquezas na América.

A edição comemorativa dos 50 anos é da L&PM Editores, com tradução de Sérgio Faraco, e como diz Eric Nepomuceno é “uma obra essencial, não só para entender a América Latina, mas para entender a vida e o mundo.”

 

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