Lançado em 2013, mas atualíssimo nas questões ambientais, especialmente em relação ao aquecimento global e alterações climáticas, este livro, recheado com 500 páginas de informações e alertas, é uma obra de cabeceira para militantes e pessoas preocupadas com o futuro do planeta Terra. Seu autor é Al Gore, vice-presidente dos Estados Unidos, com quatro mandatos de deputado e dois de senador, ganhador do Prêmio Nobel da Paz, em 2007. Tudo o que estamos discutindo hoje, desde os desastres ambientais à rápida evolução das tecnologias, ele já havia previsto em 2013.
O livro discute e apresenta seis desafios para sociedades e governos engajados na defesa do Planeta, a exemplo do seu primeiro livro “Uma Verdade Inconveniente”.

Seu primeiro desafio está relacionado à crescente globalização econômica que gerou uma entidade integrada e holística que se relaciona de forma totalmente nova e instantânea com o capital, o mercado de trabalho, os mercados consumidores e os negócios dos governos.

O segundo desafio refere-se à comunicação digital globalizada, interposta ao mundo com o advento da internet, que reúne os pensamentos e as emoções de bilhões de pessoas e conecta equipamentos, robôs, drones, sensores onipresentes e bases de dados de empresas, governos, instituições, bancos e governos.
O terceiro desafio está relacionado à alteração do equilíbrio de poder político, econômico e militar do mundo e a constante transferência imposta pelos Estados Unidos para um conjunto de centros de poder emergentes, dependente de uma economia global e mundial cada vez mais integrada a uma rede digital planetária.
O quarto desafio convoca sociedade e governos a refletirem e analisarem um sistema de avaliação econômica impreciso, que está conduzindo o planeta ao crescimento insustentável do consumo, deixando atrás de si um rastro de poluição, lixo, miserabilidade e mortes desnecessárias.

O quinto desafio aborda a revolução nos estudos dos genomas e nas ciências da vida, que está transferindo o controle da evolução para mãos humanas, interrelacionando problemas éticos como a clonagem humana, eugenia, transumanismo e singularidades além da possibilidade de criação de partes do corpo humano para possíveis transplantes, modificação de crianças, reinvenção da vida e da morte e a produção de alimentos geneticamente modificados (produtos transgênicos e suas implicações à saúde pública).

E o sexto desafio que convida as sociedades a pensar na forte possibilidade de uma ruptura radical nas relações entre seres humanos e os ecossistemas da terra e do corpo animal que todos os seres vivos habitam. Essa ruptura pode alterar não apenas os biomas do planeta como os microbiomas dos seres vivos, como o microbioma humano. Gore chama a atenção para algo que damos muito pouca importância quando estamos saudáveis: a existência de 100 trilhões de micróbios e mais de 3 milhões de genes não humanos que compartilham conosco o nosso corpo, que vivem e trabalham em sinergia com nossos organismos dentro de uma comunidade adaptada da qual fazemos parte, desde o nosso nascimento até a morte.

O livro denuncia a prática já em andamento de ações nocivas aos seres humanos como a venda de armas letais a organizações de todo o mundo; o uso de antibióticos para estimular o crescimento de animais; a exploração de petróleo no vulnerável oceano Ártico; o controle de mercado de ações por supercomputadores com algoritmos direcionados para negociações  de alta velocidade e frequência, gerando volatilidade e risco de perturbações no mercado e as propostas totalmente insanas de bloquear a luz solar como estratégia para compensar a retenção de calor.

Na conclusão do livro, ele já apontava um risco enorme à sociedade, afirmando que “tanto a democracia como o capitalismo foram hackeados”, mas comete (na página 384) a estupidez de afirmar que “A comunidade internacional precisa desesperadamente de uma liderança baseada nos valores humanos mais profundos (até aqui, concordável). Embora seja dirigido a leitores de todo o mundo, este livro traz uma mensagem especial e urgente para os cidadãos dos Estados Unidos, ainda a única nação capaz de fornecer este tipo de liderança necessária ao planeta” (discordável).

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