Título: Política, Ideologia e Conspirações – A sujeira por trás das ideias que dominam o mundo
Autores: Gary Allen e Larry Abraham
Editora: Faro Editorial
Este livro foi escrito em 1971. Parece distante, parece desatualizado. Porém, este livro é a fonte aonde o guru da extrema-direita, Olavo de Carvalho, bebe seu conhecimento. Os historiadores Gary Allen e Larry Abraham, foram dois membros destacados da John Birch Society, um grupo de direita fundado em 1958, nos Estados Unidos, ferrenho opositor do comunismo e com sede em todos os estados norte-americanos. John Birch foi um pastor batista que teria sido assassinado por membros do Partido Comunistas Chinês, em 1954.
Gary e Larry acusam os bilionários e os banqueiros internacionais de serem a face oculta do comunismo no mundo e sustentam a existência de uma conspiração que atua desde 1908 para a formação de um governo supramundial.
Eles tentam provar que homens como J.P. Morgan, Paul Warburg, Jacob Schiff, as famílias Rockefeller e Rothschild e outros bambambãs das finanças internacionais patrocinaram, não apenas a Revolução Bolchevique, na Rússia, mas também a quebra da Bolsa de New York, em 1929, a ascensão do nazismo e as guerras do século XX, para ganhar dinheiro, enfraquecer a democracia liberal e implantar o socialismo. Tudo como uma estratégia conspiratória para implantação do governo mundial.
Qual o interesse desses homens podres de rico na formação de um governo mundial? O domínio do dinheiro do mundo, partindo do pressuposto de que “quem tem o dinheiro dita as regras no mundo”. Para endossar suas conclusões, os autores contam com o professor Carroll Quigley, autor de Tragedy and Hope (Tragédia e Esperança), um livro com 1.350 páginas, onde ele revela a existência da rede conspiratória.
Segundo Quigley, essa organização conspiratória trabalha, desde a eleição do presidente Woodrow Wilson, para ter em suas mãos o controle de todos os recursos naturais, negócios, operações bancárias e transportes por meio do controle dos governos do planeta. E fazem isso emprestando dinheiro aos países, financiando governantes e bancando revoluções. Mas, querem mais. Eles não querem ser os dedos que puxam as cordinhas das marionetes, como sempre foram. Eles querem mandar.
Segundo Gary e Larry, todos os governos progressistas do mundo, os programas de bem-estar social e tentativas de implantação de programas como renda básica, são ações desta rede de conspiração como meios de dominação. Com isso, essa rede teria o monopólio para eliminar todos os competidores e destruir “o sistema de livre-iniciativa” (página 15). Os autores também acusam Karl Marx de ter escrito O Manifesto Comunista, instado pelo industrial Frederick Engel, por encomenda bem paga pela Liga dos Homens Justos. Vão além, para dizer que o Manifesto fora rascunhado 70 anos antes, por Adam Weishaupt, o fundador da Ordem dos Illuminati da Bavária.
O livro atesta a existência de uma instituição chamada Conselho das Relações Exteriores – CRE que seria a face visível dos conspiradores. Os membros do CRE, quase todos, fazem parte das equipes dos governos americanos. Como o livro é de 1971, a narrativa vem até o primeiro governo de Richard Nixon (um comunista de carteirinha, segundo Gary e Larry) que empregou nada menos que 110 membros do CRE na sua equipe, inclusive Henry Kissinger.
O livro é no mínimo curioso. Ao ler essa obra, o leitor estará capacitado a discutir as teorias conspiratória com autoridade de quem entende o assunto, até poder dar nome aos bois e sustentar os fatos com dia, mês e ano.
