Título: Pós-Verdade — A Nova Guerra Contra os Fatos em Tempos de Fake News

Autores: Matthew D’Ancona

Editora: Faro Editorial

 

Colunista do The Guardian, jornal inglês fundado em 1821, o jornalista Matthew D’Ancona lançou em 2018, com tradução de Carlos Szlak, o livro Pós-Verdade — A Nova Guerra Contra os Fatos em Tempos de Fake News. Polêmica, essa obra suspende o véu que encobre as mentiras que grassam o mundo com o advento das fake news, que encontraram nas redes sociais a velocidade que a mentira necessita para suplantar a verdade.

O mundo pós-verdade é dissecado pelo autor que convida o leitor a abrir seus olhos e refletir em cima de cada texto que recebe para ter a certeza de que não está diante de uma mentira mascarada de verdade ou, usando o bom português, não está comprando gato por lebre.

O autor faz um alerta já na capa do livro ao afirmar: “o que acontece de novo agora não é a desonestidade e a falsidade dos políticos, mas a resposta do público em relação a isso. A indignação dá lugar à indiferença e, finalmente, à convivência. A mentira é considerada regra, e não a exceção”.

Ele deixa claro que há um grande trabalho sendo feito para que as teorias de conspiração prosperem e ganhem força e confiança para que as campanhas políticas possam recorrer às pós-verdades para conquistar eleitores resignados, descrentes, apáticos e acéfalos, incapazes de refletir sobre o que recebem e o que consomem em termos de comunicação.

D’Ancona desnuda a pós-verdade ao analisar como foram as campanhas em relação ao Brexit, no Reino Unido, e à eleição de Donald Trump, nos Estados Unidos. Ele debruça-se sobre o colapso da confiança, a ascensão da indústria da desinformação e a produção cada vez mais robusta de notícias falsas. Ele também disseca, com argumentos e minúcias, as teorias de conspiração e as falácias negacionistas, os ataques à ciência e o esforço neonazista e fascista que promovem o antissemitismo para apagar a nódoa do Holocausto na era digital.

O último capítulo é dedicado a como combater e derrotar a pós-verdade, eliminando “o fedor das mentiras”. Recorrendo ao filósofo Immanuel Kant, ele destaca que “uma mentira sempre prejudica o outro; se não algum outro homem específico, prejudica a humanidade em geral, pois invalida as fontes do próprio direito”.

D’Ancona nos adverte que a pior resposta possível para os disseminadores de mentira e fake News “é a passividade muda”. Ele mantém a esperança de que a tecnologia pode curar a si mesma, desde que nós façamos a nossa parte, que é enfrentar os falseadores da verdade, os negacionistas e os teóricos das conspirações que nunca chegam porque são narrativas alternativas inventadas por enganadores.

Para os políticos, ele tem uma receita simples: “humildade para escutar e honestidade para tratar os eleitores como cidadãos maduros” e para nós leitores, o recado é mais simples, é perceber que a narrativa nunca deve violar ou embelezar a verdade; deve ser seu veículo mais poderoso”, frisando que “a coragem, a persistência e o espírito colaborativo serão recompensados: a verdade se revelará.”

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