Ato é contra a morte de 10 toneladas de peixes na foz do Rio Jucu.
Protesto acontece na manhã desta quinta-feira (27).

Manifestantes despejaram peixes mortos do Rio Jucu, na escadaria do Palácio Anchieta, sede do Governo do Espírito Santo, na manhã desta quinta-feira (27). O ato é em protesto contra a morte de mais de 10 toneladas de peixes que apareceram na foz do rio, em Vila Velha.

Os moradores dizem que as mortes começaram no sábado (22) e que o problema é causado pelo baixo volume de água e oxigênio do rio. Nesta quarta-feira (26), uma escavadeira começou a retirar a areia que impedia o encontro do rio com o mar. Os peixes mortos também começaram a ser retirados.

Analistas do Instituto Estadual de Meio Ambiente (Iema), da Agência Estadual de Recursos Hídricos e da Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Vila Velha estiveram no local para fazer

A aposentada Mônica Ferreira, de 52 anos, protesta e diz que o grande problema do Rio Jucu é a quantidade de agrotóxico que estão jogando nele. “Isso, a Cesan não tem como tratar. A gente está bebendo uma água cheia de agrotóxico. Não adianta consumir produto orgânico, bebendo água contaminada. Queremos, além da retirada de fezes, a retirada de agrotóxicos da água”, reclama.

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A comunicadora popular Fabiola Melca, de 34 anos, disse que o protesto precisa ser de todos que bebem água na Grande Vitória. “Além de mostrar a devastação na foz do rio, a gente quer ressaltar que esse rio é estadual. Ele nasce em Domingos Martins e abastece 70% das casas da Grande Vitória. Todo mundo tem que falar desse rio, não só quem sente o cheiro de podre”, disse.

Algumas pessoas disseram que receberam a informação de que serão multadas por jogarem peixe podre no palácio. Ninguém foi detido e o ato foi pacífico.

 

Outro lado
A Companhia Espírito Santense de Saneamento foi procurada pelo G1 para prestar esclarecimento sobre a denúncia de água contaminada com agrotóxico, mas até o fechamento da matéria, a empresa não se manifestou.

O G1 também entrou em contato com a Secretaria de Comunicação do Governo do Estado para saber se os manifestantes serão multados pelo protesto e o órgão informou que autoridades se reunem para discutir as medidas que serão tomadas.

Ambientalista
O ambientalista Eduardo Pignaton disse que “essa geração de peixes entrou para fazer a piracema. Eles entraram para reproduzir. Então, o que aconteceu? Toda essa geração de peixes está morta. Nós vamos ter que esperar o rio melhorar, para que outra geração entre para desovar. A tendência é que os peixes sumam por, pelo menos, uns três, quatro anos da foz do rio”.

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Além dos problemas de esgoto, poluição e nível baixo do rio, os peixes mortos começam, agora, a invadir o manguezal. “Era importantíssimo que a prefeitura e o governo do estado viessem recolher esses peixes, que já estão mortos, para evitar que a população coma esse material. O risco de infecção intestinal é muito grande. A gente não sabe, exatamente, o que tem dentro desses peixes”, destacou Pignaton.

Prefeitura de Vila Velha
O coordenador de Recursos Naturais da Prefeitura de Vila Velha, Luiz Carlos Ricarto, disse que o objetivo da abertura da foz é possibilitar a oxigenação e viabilizar a passagem das embarcações dos pescadores. “Fazendo a abertura da foz, possibilita que os pescadores possam passar aqui com suas embarcações, que é o seu sustento, a pesca. E a outra é aproveitar a abertura, aí se tem a oxigenação aqui dessa região do estuário. Isso minimiza a mortandade de peixes”, disse.

Fonte: G1 Natureza

 

Tamara leitte

Autor Tamara leitte

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