Lodo transbordou por 30 minutos de estação de tratamento na Asa Norte.
Greve prejudica manutenção, diz Caesb; sindicato alega ter oferecido ajuda.

 Um vazamento de lodo da estação de tratamento de esgoto da Caesb atingiu o Lago Paranoá, em Brasília, nesta terça-feira (5). O material é altamente poluente. O lodo transbordou durante meia hora de um dos tanques da estação de tratamento na L4 Norte. A empresa informou que ainda não sabe a quantidade que chegou ao lago.

A Caesb informou que já realizou a limpeza na estação de tratamento, mas que não há nada a se fazer com o que foi despejado no lago. A empresa diz que já informou o Instituto Brasília Ambiental (Ibram) sobre o incidente e analisa o impacto ambiental do vazamento.

Segundo a companhia, os resíduos de esgoto não foram recolhidos da estação de tratamento por conta da greve dos servidores, iniciada no dia 16 de junho. O superintendente de Operações da Caesb, Vinícius Bertolossi, afirmou que os servidores não têm realizado a manutenção dos equipamentos. “E ainda existe o risco de um novo vazamento, caso o sindicato ainda mantenha essa posição de tirar os operadores”, disse.

O Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Água e Esgoto do Distrito Federal (Sindágua) nega responsabilidade dos servidores pelo incidente. A entidade afirma que funcionários que estão de greve se ofereceram para consertar os equipamentos, mesmo durante a paralisação.

A entidade ainda informou que, antes do vazamento ocorrer, funcionários terceirizados foram chamados para reparar máquinas com defeito, mas demoraram para resolver os problemas. “Se os trabalhadores da Caesb, que são as pessoas experientes e capacitadas para o serviço, tivessem sido acionadas, com certeza isso não teria acontecido”, disse o diretor do Sindágua, Igor Pontes.

O Ibram deve avaliar o impacto ambiental do transbordo ainda na manhã desta quarta-feira (6). A vistoria deve determinar as proporções do vazamento.

‘Sabotagem’
A Caesb registrou cinco boletins de ocorrência sobre supostos atos de sabotagem no abastecimento de água de escolas e centenas de residências do Distrito Federal desde que teve início a greve dos servidores da empresa. O Sindágua nega envolvimento com os casos de desabastecimento.

Em 1º de junho, a Caesb registrou ocorrência na 29ª DP, do Riacho Fundo I, após um incêndio destruir 250 metros de tubulação de esgoto construídos nos terrenos do programa Morar Bem. A companhia afirma que a ação causou prejuízo de R$ 17 mil com a perda de materiais.

A empresa afirma também que houve corte do abastecimento de água do presídio feminino do Gama, no dia 22 de junho. A interrupção afetou 1,2 mil pessoas que circulavam no local por conta de dia de visitas, segundo a Caesb. A ocorrência foi registrada na 14ª DP.

No mesmo dia, em Santa Maria, uma válvula redutora de pressão foi fechada, o que  causou o corte no fornecimento de água para moradores das quadras 100 a 107, 200 a 207, 300 a 307 e 400 a 407, do Condomínio Porto Rico e do DVO por cerca de duas horas. Segundo a empresa, esses cortes não acontecem fora do período de greve dos servidores.

O sindicato, entretanto, afirma o contrário. “Vários desabastecimentos foram caracterizados como rotineiros na Caesb, como rompimento de adutoras na região Norte do DF. A empresa nunca atribuiu isso ao serviço malfeito pelas empresas terceirizadas”, diz a entidade.

Em junho, escolas em Ceilândia, Gama e Paranoá ficaram sem abastecimento de água temporariamente. Os centros de ensino são abastecidos com água de caminhões pipa, mas os veículos foram impedidos pelos funcionários em greve de entrar nas estações de tratamento.

Os servidores da Caesb pleiteiavam reajuste de 19%, mas baixaram o índice para 9,38%. A categoria pede ainda redução da carga horária de oito para seis horas, demandou um aumento de 9,38%, o fim da “perseguições” supostamente praticadas pela empresa contra os grevistas e abono dos dias parados.

No início da greve dos servidores, o presidente da Caesb, Pedro Luduvice, afirmou ao G1 que o reajuste pleiteado era “impossível” de ser atendido. “Não há condições financeiras de apresentar esse tipo de proposta”, declarou Luduvice. A empresa tem 2,5 mil servidores. O salário inicial é de R$ 2,5 mil.

Fonte: G1 Notícias

Tamara leitte

Autor Tamara leitte

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