Macaco tinha 93% do peso da cobra que o engoliu em floresta do Amapá.

É a primeira vez que pesquisadores registram predação dessa proporção.

Um estudo feito por biólogos do Instituto de Pesquisas do Amapá (Iepa) revelou uma predação inédita no mundo animal: um macaco foi encontrado na barriga de uma cobra da espécie Corallus hortulanus, popularmente conhecida como “cobra de veado” ou “surucucu do brejo”.

O registro, até então nunca feito, foi publicado em 10 de maio na revista internacional ‘Primates’ e causou surpresa pela pouca diferença de peso entre o predador e a presa. A serpente tinha 650 gramas, apenas 50 a mais que o primata, da espécie “macaco de cheiro”.

Um dos autores do estudo, Jucivaldo Lima, explicou que a diferença de peso entre os animais é considerada bastante pequena na relação entre predadores e presas no mundo animal. O macaco correspondia a 93% do peso da cobra.

Para se ter noção do tamanho do macaco engolido pela cobra, pode-se imaginar uma pessoa com peso de 100 quilos comendo 93 quilos de carne de uma só vez.

 Segundo Lima, a predação foi registrada durante expedição na floresta da Reserva Biológica Lago Piratuba, em Amapá. Ele diz que é comum cobras comerem presas consideradas grandes, mas foi a primeira vez que a prática teve registro para essa espécie

“É comum elas comerem presas de grande proporção do tamanho do próprio corpo, mas não foi registrado essa predação para esse tipo de espécie de cobra, que no engoliu um macaco. (…) Quando fomos fazer a autópsia e descobrimos o que tinha dentro, ficamos muito surpresos porque ela também comer um macaco era algo que não tinha na literatura. Foi ainda muito mais interessante quando medimos a cobra e o macaco e verificamos a diferença entre eles, de apenas 50 gramas”, comentou Jucivaldo Lima.

cobra_macaco_1

Com a pesquisa, de acordo com Lima, foi demonstrado um novo item na cadeia alimentar na espécie da cobra estudada e o potencial de captura dela.

“Talvez seja comum elas comerem macacos, mas como foi o primeiro registro, não é algo comum. Ela engoliu por completo e demoraria cerca de uma semana para digerir o animal”, disse Lima, que fez a pesquisa ao lado das também biólogas do Iepa, Claudia Silva e Janaina Lima.

O estudo ainda contou com a participação do pesquisador independente Marco Antônio Ribeiro Júnior e do professor da University of Roehampton (Inglaterra), Stephen Francis Ferrari.

Tem alguma notícia para compartilhar? Envie para o VC no G1 AP ou por Whatsapp, nos números (96) 99178-9663 e 99115-6081.

Fonte: G1 Natureza

Tamara leitte

Autor Tamara leitte

Mais posts de Tamara leitte