Levar a cultura para todos. Essa é a proposta do aplicativo Vem CA, que disponibiliza, de forma acessível e gratuita a qualquer usuário com ou sem deficiência, eventos culturais que contam com medidas de acessibilidade. A ferramenta será lançada neste sábado (5) no Centro Cultural Oi Futuro, no Rio de Janeiro. Para desenvolver a ferramenta, a organização não governamental Escola de Gente, referência nacional em termos de acessibilidade, contou com o apoio da Lei Federal de Incentivo à Cultura, por meio da qual captou R$ 1,89 milhão.
Segundo o secretário adjunto da Secretaria Especial da Cultura do Ministério da Cidadania, José Paulo Soares Martins, é cada vez mais importante que as produções culturais contemplem medidas de acessibilidade. “A acessibilidade é um direito do cidadão e precisa ser, de fato, implementada. Por isso, é um assunto significativo neste momento. Os projetos culturais e a política de incentivo à cultura têm procurado privilegiar este tema de forma especial”, relata Martins.
Idealizador do projeto, Pedro Prata conta que a ferramenta é um desdobramento da própria Lei de Incentivo à Cultura. “O ponto de partida do projeto é a lei, pois, quando ela começou a exigir que os projetos patrocinados adotassem medidas de acessibilidade, o mercado cultural precisou se adaptar. Por um lado, hoje se faz mais atividades acessíveis, mas, por outro lado, percebemos que quem produz cultura acessível não consegue divulgar tão bem e chegar a quem tem deficiência”, afirma.
Características
Disponível para download tanto para IOS quanto para Android, o aplicativo permite cadastrar e buscar projetos com até 12 recursos de acessibilidade: assento acessível, audiodescrição/guia acessível, banheiro acessível, elevador/rampa, gratuidade, legenda, Libras, Libras tátil, linguagem simples, piso tátil, publicações acessíveis e visita tátil.
Além disso, a ferramenta é totalmente acessível. Os usuários cegos, por exemplo, podem utilizar mecanismo de leitura. Há também a opção de conteúdo transcrito em língua brasileira de sinais (Libras) e definição de cores de contraste para não confundir quem tem daltonismo ou baixa visão, além de navegabilidade simplificada e botões maiores, para ser manuseado com uma mão só. Também conta com descrição de imagens, ícones visuais de busca para facilitar a compreensão de quem tem deficiência intelectual e psicossocial ou dificuldades no processamento de informações; e uso de componentes-padrões dos sistemas operacionais dos celulares para garantir a familiaridade dos mecanismos.
Outro diferencial é que o Vem CA tem consumo baixíssimo de dados e pode ser baixado em praticamente todos os smartphones disponíveis no mercado, dos mais simples aos mais sofisticados. Ao todo, o aplicativo está apto para 9.985 modelos de aparelhos.
De acordo com a coordenadora da Escola de Gente, Cláudia Werneck, o aplicativo é inovador e democratiza o acesso à cultura. “É um aplicativo revolucionário, totalmente brasileiro, acessível, gratuito, que vai conectar quem está produzindo bens culturais acessíveis com quem precisa desfrutar dos seus direitos culturais com independência e autonomia”, afirma.
Cláudia Werneck ainda destaca que o aplicativo promove uma hiperconexão: “é um caso de hiperconexão, porque é uma conexão de mão dupla, o aplicativo fala de acessibilidade, é completamente acessível, e é acessível para receber críticas, demandas, recomendações dos usuários”.
Atividades sensoriais
Além de roda de conversa sobre o aplicativo e acessibilidade, exibição de filmes acessíveis, quem for ao lançamento neste sábado poderá participar de uma visita guiada com acessibilidade. Os participantes terão a oportunidade de utilizar vendas, cadeiras de rodas, muleta, recursos que produzem baixa visão e baixa audição, dispositivos com aromas e percursos táteis nas galerias do Centro Cultural.
Incentivo Federal à Cultura
A Lei Federal de Incentivo à Cultura contribui para ampliar o acesso dos cidadãos à cultura, uma vez que os projetos patrocinados devem oferecer uma contrapartida social. Ou seja, eles têm que distribuir parte dos ingressos gratuitamente e promover ações de formação e capacitação junto às comunidades. Por meio do mecanismo, criado em 1991 pela Lei 8.313, empresas e pessoas físicas podem patrocinar espetáculos, exposições, shows, livros, museus, galerias e várias outras formas de expressão cultural. O valor investido, total ou parcial, é abatido do Imposto de Renda.