Com o tema “Amor para superar, amor para recomeçar”, o Ministério da Saúde lançou, nesta terça-feira (27), a Campanha Nacional de Incentivo à Doação de Órgãos e Tecidos de 2022. O objetivo é incentivar a população sobre a importância da doação de órgãos e os profissionais de saúde que lidam com essa situação delicada para as famílias e são agentes importantes para essa conscientização. O Brasil tem o maior programa público de transplantes do mundo através do Sistema Único de Saúde (SUS).
Durante o evento, Elaiza Machado, de 46 anos, conta que há 8 anos perdeu o seu filho em um trágico acidente. William Machado teve morte cerebral aos 19 anos. A partir daí o seu irmão mais novo, Wellington Machado, pediu para que sua mãe autorizasse a doação de órgãos de William. “Conto esse resumo da história mais dolorosa da minha vida, mas, hoje, me orgulho dessa atitude. Meu filho é um herói, mesmo após a sua morte, ajudou seis pessoas a viverem”, relata Elaiza, que também diz que esse ato trouxe ajuda para a superação da tragédia e deseja que outras pessoas tenham essa mesma consciência.
Para o ministro da Saúde Substituto, Bruno Dalcolmo, essa data é um dia de celebração de renovação da vida. “Não dá para dimensionar o quanto as pessoas podem ser abençoadas após receberem uma ligação sabendo que terão uma nova oportunidade de viver”, pontua. O ministro substituto também reforça que o país tem o título de maior programa público de transplantes do mundo, algo que foi construído ao longo de décadas com muito esforço.
O lançamento marca o Dia Nacional da Doação de Órgãos. A campanha será veiculada em TV, rádio, mídia exterior em lugares de grande circulação de pessoas, em portais online, além de redes sociais. A campanha também mostra a importância de conversar e manifestar o desejo da doação para os familiares, que serão os responsáveis por essa decisão. Atualmente, mais de 59 mil pessoas estão na fila esperando por um órgão – esse dado contabiliza também as pessoas que esperam por uma córnea. Só em 2022, em média, mais de 45% das famílias não concordaram com a doação.
Transparência
Nesta terça (27), o Ministério da Saúde também apresentou uma ferramenta de avaliação e visualização de dados referente ao cenário atual da lista de espera e dos transplantes de órgãos realizados em 2022, com objetivo de promover maior conscientização e também apoio a decisões sobre a doação de órgãos e medula óssea pelos gestores do Sistema Nacional de Transplantes (SNT).
Os painéis contêm informações de lista de espera e de transplantes de órgãos e medula óssea realizados durante o ano, até o momento, com atualização semanal. Com as informações da lista de espera, o público poderá visualizar a quantidade de pessoas que aguardam por um órgão para realização do transplante na última data de compilação dos dados. No painel, é possível visualizar a quantidade de pacientes aguardando pelo tipo de órgão e modalidade de transplante.
De acordo com a secretária de Atenção Especializada à Saúde (SAES), Maíra Botelho, as informações podem contribuir muito para analisar o cenário da doação de órgãos no Brasil. “Quando esses dados são analisados em conjunto podem revelar a importância de se discutir em família sobre a vontade de cada um em se tornar doador de órgãos”. A secretária explica que isso se dá pela diferença entre a quantidade de pessoas que aguardam por algum órgão para transplante e o número de procedimentos realizados. “Havendo mais pessoas dispostas a doar, a chance daqueles que aguardam por um órgão serem contemplados também aumenta”, destaca Maíra.
Doação e transplantes de órgãos no Brasil
O Brasil é o segundo país do mundo que mais realiza transplantes, que é garantido a toda a população por meio do SUS. Em 2021, foram feitos cerca de 23,5 mil procedimentos, desse total, cerca de 4,8 mil foram transplantes de rim, 2 mil de fígado, 334 de coração e 84 de pulmão, entre outros. O país tem mais de 600 hospitais de transplantes autorizados.
Através do QualiDOT, o Programa de Qualificação do Sistema Nacional de Transplantes, o Ministério da Saúde implantou a avaliação de critérios e indicadores dos centros transplantadores do país. O programa consiste no monitoramento e avaliação dos serviços de transplantes de órgãos e de medula óssea, mediante acompanhamento de indicadores quali-quantitativos e a concessão de incentivo financeiro adicional para serviços de alta performance.
FONTE: Governo Federal
FOTO: Julia Prado/MS