A Mata Atlântica segue sendo devastada em cinco estados do país, de acordo com um levantamento feito pela Fundação SOS Mata Atlântica e pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). O estudo aponta que, entre 2017 e 2018, o bioma perdeu 113 km² de floresta.

De acordo com o estudo, Minas, Piauí, Paraná, Bahia e Santa Catarina ainda apresentam degradação do bioma, na contramão do que vem sendo registrado no país. No geral, o Brasil teve queda de 9,3% no desmatamento deste tipo de floresta – o menor índice em três décadas.

Os dados são da 13ª edição do “Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlântica”.

Índices inaceitáveis

O desmatamento ameaça a preservação das espécies de plantas, animais, e também da água, já que a preservação da floresta leva à manutenção de leitos de rios e nascentes.

Para Mario Mantovani, diretor de políticas públicas da SOS Mata Atlântica, os índices são inaceitáveis porque demonstram inércia na aplicação de leis que já protegem o bioma – a Mata Atlântica é a única cobertura florestal do país que possui legislação específica – e porque estão associados à exclusão social, muitas vezes envolvendo até trabalho escravo.

Desmatamento da Mata Atlântica
Hectares devastados entre 2017 e 2018
3.3793.3792.1002.1002.0492.0491.9851.985905905MinasPiauíParanáBahiaSanta Catarina01k2k3k4k
Fonte: Fundação SOS Mata Atlântica e Inpe

Confira abaixo as principais atividades associadas à devastação nos estados:

Carvão

No caso de Minas Bahia, por exemplo, Mantovani diz que a devastação ocorre devido à produção do carvão – a árvore é derrubada para queimar e produzir o carvão.

“O problema não é só parar a atividade carvoeira, mas tem famílias que vivem disso, famílias inteiras dentro do forno [de carvão]. Teríamos que pegar a cadeia produtiva e identificar quem está por trás. É um trabalho de inteligência para realmente diminuir o desmatamento”, afirma.

  • Soja

No Piauí, a Mata Atlântica está sendo derrubada para dar espaço à plantações de soja, explica Mantovani. “Em um estado que enfrenta seca, isso fica ainda pior se pensarmos no dano às águas”, diz.

  • Celulose

No Paraná e em Santa Catarina, as araucárias têm sido derrubadas para a indústria da celulose, que produz papel, de acordo com Mantovani.

Mata Atlântica

A Mata Atlântica abriga cerca de 20 mil espécies vegetais, 261 espécies de mamíferos, 200 de répteis, 370 de anfíbios, 350 de peixes e 849 espécies de aves, de acordo com o Ministério do Meio Ambiente. São formações florestais, restingas, manguezais e campos de altitude em 17 estados do país.

De acordo com a SOS Mata Atlântica, o bioma cobria originalmente 15% do território brasileiro. Mas, por estar presente na região onde estão as maiores cidades, atualmente resta apenas 1% da mata original. Mais de 92% da cobertura natural já foi eliminada.

Espécie ameaçadas

A Mata Atlântica é o bioma que acolhe maior número de espécies ameaçadas, tanto em números absolutos quanto em proporcionais à riqueza dos ecossistemas. São 1.026 animais ameaçados que vivem ali, sendo que 428 deles são endêmicos, ou seja, só existem em regiões de Mata Atlântica.

Mico-leão-dourado se alimenta de frutos silvestres, insetos e pequenos vertebrados — Foto: Tiago Lima/Olhos da Mata Atlântica

Mico-leão-dourado se alimenta de frutos silvestres, insetos e pequenos vertebrados — Foto: Tiago Lima/Olhos da Mata Atlântica

Mata Atlântica é alvo de recuperação florestal no Brasil — Foto: Pixabay

Mata Atlântica é alvo de recuperação florestal no Brasil — Foto: Pixabay

Tamara leitte

Autor Tamara leitte

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