A pesquisa serve de alerta para a possibilidade de alagamentos e deslizamentos de terra, reflexos da falta de investimento dos governos em infraestrutura adequada
Historicamente, os verões brasileiros já se caracterizam por chuvas no sudeste e, com a chegada do El Niño, essas chuvas ficarão ainda mais acentuadas. O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) deixa o alerta e divulga estudo inédito para a região sudeste.
O Grupo de Eletricidade Atmosférica (ELAT), que faz parte do INPE, divulgou um estudo sobre o impacto do El Niño na ocorrência de tempestades no sudeste, uma região que ainda não possuía uma pesquisa direcionada sobre os reflexos desse fenômeno em seu clima.
O El Niño deste ano vem com a tendência de ser o terceiro mais forte desde 1950, perdendo apenas para os de 1983 e 1998. Se no sul ele causa muitas chuvas, no norte e nordeste ele se manifesta com secas. Nessas regiões haverá diminuição de 10% e 15%, respectivamente, de tempestades com relação ao ano passado. No sudeste o aumento de chuvas será de 20%, assim como no sul. No centro-oeste elas aumentarão cerca de 10%.
Foram analisadas as tempestades de verão que ocorreram desde 1950 até os dias de hoje e os fenômenos que interferem nos climas dessas regiões. Ficou comprovado que quando o El Niño se manifesta de maneira fraca, moderada ou forte, a tendência é que o aumento das tempestades ocorra apenas na região sul do país. Quando ele é de intensidade muito forte, como o que está ocorrendo este ano, ele acaba por abranger as regiões sudeste e parte da centro-oeste.
O aumento das tempestades contribui também para os aumentos de raios. No sudeste, nos últimos três meses, foram registradas 480 mil descargas elétricas atingindo o solo, contra 310 mil descargas no mesmo período de 2014, um aumento de 52%.
O coordenador do ELAT, Dr. Osmar Pinto Junior, explicou ao site do INPE que a população precisa ser alertada sobre os riscos das descargas elétricas que todo ano causam mortes, principalmente no campo. Os dados da pesquisa também são importantes para a prevenção de possíveis catástrofes, como alagamentos e deslizamentos de terra, comuns no começo do ano, e reflexos da falta de investimento dos governos em infraestrutura adequada.
Fonte: Pensamento Verde