OBrasil sediou, nesta terça-feira (6), o lançamento do Conselho Global sobre Desigualdades, Aids e pandemias. O país é membro fundador da iniciativa que irá avaliar como as desigualdades impulsionam as pandemias e estabelecer formas para fortalecer a resposta a emergências sanitárias em todo mundo. A participação e liderança do Brasil nessa estratégia demonstra a retomada do papel relevante do país no cenário internacional e para as questões prioritárias da saúde global. A primeira reunião do grupo aconteceu na sede da pasta, em Brasília (DF).

A ministra da Saúde, Nísia Trindade, acredita que a iniciativa é mais do que necessária em um momento em que se discute a definição de políticas de cuidado e de acesso. “Só um grande trabalho, em nível global, pode fazer com que alcancemos resultado. Essa é uma agenda prioritária assumida pelo presidente do Brasil”, afirmou, na ocasião do lançamento do conselho.

Além da ministra Nísia Trindade, uma das fundadoras do conselho, o grupo é co-presidido pelo economista ganhador do Prêmio Nobel, Joseph E. Stiglitz, pela Primeira-Dama da Namíbia, Monica Geingos, pelo Diretor do Instituto para Equidade em Saúde do University College London, Sir Michael Marmot.

“O Brasil está determinado a desempenhar seu papel, defendendo uma maior colaboração e a formulação de políticas com base em evidências para construir sistemas de saúde mais resilientes ao redor do mundo. É uma honra liderar esse anúncio que irá converter as lições aprendidas em ação, reduzindo as desigualdades que impulsionam as crises de saúde atuais e fortalecendo a preparação para pandemias futuras”, destacou a ministra Nísia.

A proposta da ação global está em consonância com os temas prioritários do Ministério da Saúde, principalmente sobre a preparação dos sistemas de vigilância e de outras áreas da saúde para futuras pandemias. Esse tema também foi amplamente abordado durante a agenda da ministra na Assembleia Mundial da Saúde, em Genebra, na Suíça, em maio.

Um dos principais objetivos do grupo é criar estratégias para o enfrentamento das desigualdades sociais e econômicas dentro dos países, que prolongam as pandemias e ampliam seu impacto entre as pessoas e populações mais pobres e vulneráveis. As mesmas desigualdades interligadas que impulsionam o HIV, Covid-19, MPox e outras doenças estão deixando países e comunidades em risco de surtos e pandemias futuras. No entanto, a experiência tem mostrado que há ações nos âmbitos global, regional e nacional que podem construir respostas a pandemias que reduzam as desigualdades.

O trabalho do Conselho Global vai reunir evidências essenciais para formuladores de políticas públicas, de forma a elevar a atenção política para a necessidade de ação. O grupo também vai ajudar a equipar a linha de frente de atuação das comunidades que lutam por suas vidas com recursos de advocacy, fornecendo-lhes o que precisam para influir nas mudanças políticas e de poder.

Para a diretora-executiva do Unaids e subsecretária-geral da ONU, Winnie Byanyima, que também é membro do Conselho Global, a resposta ao HIV/Aids é um dos melhores exemplos de como as comunidades que enfrentam múltiplas desigualdades podem se unir para superá-las e salvar milhões de vidas.

“Um amplo movimento de pessoas vivendo com HIV e afetadas por ele conseguiu reduzir o preço de medicamentos e dos diagnósticos, fortalecer as respostas nacionais de saúde, possibilitar o surgimento de uma forte rede de organizações lideradas pela comunidade e garantir a revogação de leis punitivas e discriminatórias em muitos países. No entanto, políticas e abordagens baseadas em evidências precisam ser aplicadas em todos os lugares e para todas as pessoas. Infelizmente esse não é o caso no momento”, explica.

De acordo com o Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (Unaids), as desigualdades de gênero também colocam em risco a saúde das mulheres em todo o mundo. No Brasil, o Relatório Final do Gabinete de Transição Governamental identificou um cenário de desmantelamento das políticas para as mulheres nos últimos anos, também intensificado pela gestão da pandemia de Covid-19 no país. Para as trabalhadoras domésticas, a pandemia representou o aumento do risco à própria saúde, a queda na renda e a perda de direitos.

Segundo a Unaids, em países como Gana, Costa do Marfim e Libéria, a prevalência do HIV entre as mulheres jovens é mais de cinco vezes maior do que entre os homens jovens da mesma idade, refletindo, em parte, a desigualdade econômica e educacional. A resposta ao HIV/Aids, de acordo com a Unaids, é um dos melhores exemplos de como as comunidades que enfrentam múltiplas desigualdades podem se unir para superá-las e salvar milhões de vidas.

Fonte: Nathan Victor / Ministério da Saúde

Foto: Julia Prado/MS

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