Livro: O Mal Ronda a Terra
Autor: Tony Judt
Editora: Objetiva
Há algo de profundamente errado na maneira como vivemos hoje. Ao longo de trinta anos, a busca por bens materiais visando o interesse pessoal foi considerada uma virtude. Sabemos o preço das coisas, mas não temos ideia de seu valor. Não fazemos mais perguntas sobre uma decisão judicial ou um ato legislativo:
É bom?
É justo?
É adequado?
É correto?
Ajudará a melhorar o mundo ou a sociedade? Essas costumavam ser as questões políticas, mesmo que as respostas não fossem fáceis. Devemos mais uma vez aprender a fazê-las.
Este livro de Tony Judt, um historiador, escritor e professor universitário britânico que lecionou nas universidades de Cambridge, Oxford, Berkeley e na New York University. Foi professor e diretor do Remarque Institute, dedicado ao estudo da Europa, fundado por ele em 1995.
Autor de 12 livros, a obra O Mal Ronda a Terra é uma obra prima na qual Tony Judt, que morreu em 2010, aos 62 anos, discute de maneira veemente a sociedade atual e afirma, categoricamente, que há algo de errado na maneira como vivemos e pensamos o presente. Para ele, a nossa sociedade está engolfada em um grande desconforto coletivo, afirmando que “o caráter materialista e egoísta da vida contemporânea não é inerente à condição humana. Muito do que parece ‘natural” hoje em dia data dos anos 1980: a obsessão pelo acúmulo de riqueza, o culto da privatização e do setor privado, a crescente desigualdade entre ricos e pobres. E, acima de tudo, a retórica que acompanha esses conceitos: admiração acrítica pelos mercados livres de restrições, desdém pelo setor público, ilusão do crescimento interminável.”
Judt assevera que não podemos continuar vivendo assim e oferece à sociedade, por meio de O Mal Ronda a Terra, um caminho de como lidar com as necessidades comuns, rejeitando o individualismo niilista da extrema direita e o socialismo deturpado do passado.
Sensato, lúcido, humano e perspicaz, Judt argumenta que é preciso olhar para o passado recente e mais uma vez colocar o respeito à igualdade de direitos acima da mera eficiência. Em vez de ter uma fé cega no mercado — como se fez nos últimos trinta anos — a sociedade deve confrontar os males sociais e assumir responsabilidades pelo mundo em que vive e adverte que “a pequena crise de 2008 serviu para lembrar que o capitalismo desregulado é seu pior inimigo: mais cedo ou mais tarde sucumbe aos próprios excessos e se volta novamente para o Estado em busca de socorro. Mas se ficarmos apenas catando os cacos para tocar a vida como era antes podemos esperar por reviravoltas ainda maiores nos próximos anos”.