Profético, este filme de 2008, expõe uma história baseada em fatos reais ocorrida na Alemanha. O roteiro de Gansel e Peter Thorwarth tem como base o livro de Todd Strasser. A trama se inicia quando o professor Rainer Wenger (protagonizado por Jürgen Vogel), simpatizante do anarquismo, é direcionado a assumir as aulas sobre autocracia – ideologia que significa poder ilimitado e absoluto – para alunos do ensino médio. A história se desenrola a partir de uma pergunta: É possível instituir um regime totalitário na Alemanha?
Percebendo o descrédito dos alunos, Wenger usou de sua criatividade e didática para envolvê-los em um exercício de autocracia, para que entendessem como esta ideologia se forma e como é fácil manipular as massas. Neste exercício pedagógico de uma semana, ele mostrou na prática como se dá a manipulação ideológica de um conjunto de jovens que seguem uma liderança forte, no caso, o professor.
Durante este exercício ele criou um movimento unificador com participação entusiástica dos alunos, com símbolos, uniforme, saudações e preconceitos em relação aos alunos que não aderiram ao movimento. A força da iniciativa cresce rapidamente e se espalha pela cidade, com o grupo de alunos agindo como uma gangue, fazendo prevalecer os conceitos de nação e raça sobre os valores individuais, tornando-se um modelo do fascismo, submetendo outros alunos a um forte controle ditatorial.
Fica bem claro que por se tratar de um público de adolescentes, o grupo torna-se mais influenciável pela figura do professor como líder e formador de opinião. Merecem destaque também aspectos psicológicos, pois alunos que possuíam menos atenção familiar acabaram por ter a figura do professor e as teorias pregadas em sala de aula como verdades absolutas e que deveriam ser seguidas. O filme mostra como a massa pode ser manipulada e como uma ideologia mal orientada e extremista pode causar estragos, principalmente numa juventude que ainda está em formação, com problemas de identidade e em processo de formação de personalidade.
Qualquer semelhança com a realidade política atual em diversas partes do mundo não são meras coincidências.
Não confundir com o filme homônimo norueguês, A Onda (The Wave), de 2015, do diretor Roal Uthaug.
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