Em época da campanha eleitoral é hora de rever o filme chileno “No” (Não, em português),
indicado como melhor filme estrangeiro para o Oscar em 2013. Este filme narra a história de
René Saavedra, publicitário acostumado a criar inúmeras peças para a agência que trabalha,
quando o governo convoca um plebiscito para manter como presidente do país, o general
Augusto Pinochet.

Realizado em 5 de outubro de 1988, este plebiscito tinha o objetivo de manter o general
Pinochet à frente do governo, como presidente do Chile, até 11 de março de 1997. Ou seja,
mais nove anos no comando do país, cujo governo ele havia tomado mediante um golpe
militar em 11 de setembro de 1973, que culminou com a morte do presidente eleito, Salvador
Allende.

O dono da agência, aceita trabalhar na campanha do “sim” em favor de Pinochet, então
liderando as pesquisas. A oposição a Pinochet juntou-se em 17 partidos, a maioria de esquerda
formando a “Concertación de Partidos por el No”, que na campanha oficializou a “Concertação
de Partidos pela Democracia”. A oposição convidou René Saavedra para criar os filmes e
materiais promocionais para convencer os chilenos a dizer não à ditadura de Pinochet.

René aceita o desafio, mas leva uma proposta que não agrada a todos: evitar o tom agressivo
contra Pinochet e seus governo. Ao contrário, fazer uma campanha alegre, altiva e cheia de
mensagens de esperança. Ignorar o governo e mostrar ao Chile o caminho da liberdade por
meio do sonho da felicidade coletiva. Era pegar ou largar. O Partido Comunista Chileno queria
o embate, queria mostrar cenas do Exército nas ruas, etc… mas René manteve sua posição. Era
a sua ideia ou nada. Os comunistas abandonaram a campanha.

As campanhas publicitárias de René, cujo papel foi interpretado por Gael García Bernal,
ganharam o coração dos chilenos. Enquanto o governo agia de modo violento para reprimir os
comícios e ações da oposição, com jatos de água e gás lacrimogênio, a oposição manteve-se
firme na tentativa de mostrar ao povo do Chile que havia uma saída que não passava pela
violência: o voto ao Não. René tinha ao seu lado, o Comandante Cadera, um general
respeitado e condecorado, que apoiou sua campanha e foi um dos principais responsáveis pela
volta da democracia no Chile.

No dia do plebiscito, o Não, com a bandeira da diversidade, ganhou por 55,99% contra 44,01%.
Augusto Pinochet, que governou o país durante 15 anos à força das armas, que prendeu,
torturou e assassinou milhares de opositores, foi apeada do poder pela força das urnas e da
argumentação democrática.

Dirigido por Pablo Larraín, o filme tem também vários atores premiados como Alfredo
Castro, Antonia Zegers, Diego Morera como Comandante Cadera, Luís Gnecco, Marcial Tagle,
Néstor Cantillana, Jaime Vadell, Pascal Montero. Com roteiro escrito por Pedro Peirano, o filme foi
baseado na peça “El Plebiscito”, de Antonio Skármeta, escritor chileno descendente de croatas, nascido em Antofogasta.

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